sexta-feira, 6 de julho de 2012

Conto ou Não Conto?




 

-
...eu nem te conto!
-
Conta, vai, conta!
-
Está bem! Mas você promete não contar para
mais ninguém?
-
Prometo. Juro que não conto! Se eu contar
quero morrer sequinha na mesma hora...
-
Não precisa exagerar! O que vou contar não é
nada
assim tão sério. Não precisa jurar.
-
Está bem...

Depois de muitos anos, ainda me lembro em detalhes sobre o que

eu e minha prima conversamos. Éramos muito pequenas e eu

passava as férias em sua casa. Nunca brincamos tanto, quanto

naqueles dias!

Lembro-me do segredo que ela prometeu me contar.

- Olha, eu vou contar, mas é segredo! Não conte para ninguém. Se

você contar eu vou ficar de mal.

- Eu não vou contar, já disse!

O segredo não era nada sério, coisa mesmo de criança naquela

idade. E ela acabou contando...

- Minha mãe saiu para fazer compras e eu fiz um bolo. Eu

quebrei dois ovos, misturei com a farinha de trigo e o

açúcar. Não deu nada certo. Com medo, eu arrumei tudo,

joguei o bolo fora e até hoje minha mãe não sabe de nada...

- Meu Deus, sua doida! Você teve coragem de fazer uma

coisa dessas?!

- Tive. Se a minha mãe descobrir, eu não quero nem imaginar

o que ela fará comigo!! Posso ficar uma semana de castigo.

Ou até mais...

A minha língua coçou. Um segredo daqueles não poderia ficar

guardado. Na primeira oportunidade em que eu fiquei

sozinha, procurei minha tia, que estava preparando o almoço.

- Tia, preciso contar uma coisa pra senhora.

- Pois conte, que estou ouvindo. Não posso te dar mais

atenção, senão o almoço não sai...

- É que eu tenho um segredo pra te contar e não sei se

devo...

- O segredo é seu ou dos outros?

- Dos outros... Quer dizer, da prima!

- E por que você quer contar os segredos alheios?

- Bem, eu pensei que a senhora quisesse saber o que

aconteceu...

- Ah, minha filha, deixa eu te fazer apenas uma pergunta: a dona do

segredo te autorizou a contá-lo?

- Na verdade, não!

- E por qual motivo você me contaria, então?

- É que... Bem, o que ela fez não é muito certo...

- E você vai dedurar a sua prima? Se for alguma coisa muito grave ela

ficará de castigo. E você não terá com quem brincar. Você já pensou

nisso?

- Não...

- Pois pense. E depois volte aqui para conversarmos...

Eu não sabia onde enfiar a cara, de tanta vergonha. E para que ninguém

descobrisse os meus pensamentos, me escondi na casinha do fundo do

quintal. Na hora do almoço, saí de lá, pois a fome, nessas horas, é uma

sensata conselheira. E minha tia, com muito cuidado, voltou a tratar do

assunto.

- Eu preciso contar uma coisa pra vocês... Minha avó, quando eu era

pequena, me ensinou uma coisa que nunca mais me esqueci. E hoje,

ouvindo uma notícia no rádio, lembrei-me dela. Ela dizia que nós temos

uma boca e dois ouvidos; por isso, nós temos que mais ouvir do que

falar. E mais: nem tudo o que ouvimos, devemos passar adiante, pois

quem conta um conto, aumenta um ponto. E se o que se conta é um

segredo, pior ainda. Por isso, nessas horas em que a nossa língua coça,

o melhor é lembrar que boca fechada não entra mosquito...

E contou também histórias de outras gentes: mexeriqueiros,

dedos-duros, fofoqueiros, enfim, a turma do leva-e-traz...

Naquela tarde, ainda preocupada que lessem os meus

pensamentos, fiquei murchinha, daqui para ali, inventando o

que fazer...

Só no dia seguinte, quando minha prima decidiu contar para

mim outro dos seus segredos, foi que eu tomei coragem de

me sentar ao seu lado, bem quietinha. Disse ela:

- Sabe, o outro segredo é mais sério que o primeiro...

E fez suspense – disse, repentinamente que estava com sede

e foi buscar água na cozinha... Depois de retornar, bebeu a

água bem devagarinho, até recomeçar:

- Olha, eu tenho um grande defeito. Às vezes eu me escondo

na cozinha, para ouvir a conversa de minha mãe com as outras

pessoas. E por acaso eu estava ontem, tranqüilamente

sentada no meu cantinho secreto, quando alguém chegou para

conversar com ela. Como esta pessoa é minha conhecida (e eu

gosto muito dela), não posso contar o que aconteceu por lá... É

uma pena! Eu só posso dizer que essa pessoa é uma língua de

trapo, uma linguaruda...

Nunca rimos tanto!

Eu, na verdade, não sabia se me sentia agradecida ou

envergonhada...

E passado tantos anos, ainda hoje nós fazemos questão de

relembrar este episódio.

Nossos filhos compreendem, então, porque somos tão amigas

e cúmplices. E olha que eles nem imaginam o que ocorreu anos

depois, quando éramos jovens e começamos a paquerar, sem

saber, o mesmo cara...

Bem, mas isto é segredo e eu não posso contar!

 

 FIM


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Bloghistória-Uma História de Amor...

Era uma vez assim vai começar a bloghistória que agora vou contar..

É uma história de amor....
Era uma vez uma professora que estava aprendendo a lidar com as novas tecnologias e nesta busca incessante ela se apaixonou por um blog, só que eles não se entendiam, ela não conseguia ter acesso a ele.
A questão toda estava com a professorinha aprendiz das novas tecnologias, o blog até que estava disponível para ela, só que ela não sabia como chegar ao mundo encantado dos blogs .

Assim, ela saiu a procura de respostas que a ajudassem a entar no blogmundo. Ela procurou nas estrelas nas escolas, nas ruas e só foi encontar na net todas as respostas que ela precisava para ter acesso a ele.

O grande encontro finalmente  aconteceu: A professorinha aprendiz das novas tecnologias e o blog se encontraram e ele também se apaixonou por ela. Acho que o enlace vai durar e dessa união nasceu um lindo fruto chamado COMÔNICAÇÃO.

COMÔNICAÇÃO é um blog voltado para todos os amantes da leitura e todas as formas de comunicação. È um blog de família, o objetivo é envolver todas os membros familiares em torno dele para que possam se deliciar com as aventuras da leitura.

È um grande prazer receber a sua visita em minha casa pois elabloguei tudo com muito carinho.















Entre e fique a vontade...







Mônica Andrade














terça-feira, 3 de julho de 2012

A Chegada de Lampião no Céu

Foi numa Semana Santa
Tava o céu em oração
São Pedro estava na porta
Refazendo anotação                              
Daqueles santos faltosos
Quando chegou Lampião.

Pedro pulou da cadeira
Do susto que recebeu
Puxou as cordas do sino
Bem forte nele bateu
Uma legião de santos
Ao seu lado apareceu.

São Jorge chegou na frente
Com sua lança afiada
Lampião baixou os óculos
Vendo aquilo deu risada
Pedro disse: Jorge expulse
Ele da santa morada..

E tocou Jorge a corneta
Chamando sua guarnição
Numa corrente de força
Cada santo em oração
Pra que o santo Pai Celeste
Não ouvisse a confusão.

O pilotão apressado
Ligeiro marcou presença
Pedro disse a Lampião:
Eu lhe peço com licença
Saia já da porta santa
Ou haverá desavença.

Lampião lhe respondeu:
Mas que santo é o senhor?
Não aprendeu com Jesus
Excluir ódio e rancor?...
Trago paz nesta missão
Não precisa ter temor.

Disse Pedro isso é blasfêmia
É bastante astucioso
Pistoleiro e cangaceiro
Esse povo é impiedoso
Não ganharão o perdão
Do santo Pai Poderoso
Inda mais tem sua má fama
Vez por outra comentada
Quando há um julgamento
Duma alma tão penada
Porque fora violenta
Em sua vida é baseada.

- Sei que sou um pecador
O meu erro reconheço
Mas eu vivo injustiçado
Um julgamento eu mereço
Pra sanar as injustiças
Que só me causam tropeço.

Mas isso não faz sentido
Falou São Pedro irritado
Por uma tribuna livre
Você aqui foi julgado
E o nosso Onipotente
Deu seu caso encerrado.

- Como fazem julgamento
Sem o réu estar presente?
Sem ouvir sua defesa?
Isso é muito deprimente
Você Pedro está mentindo
Disso nunca esteve ausente.

Sobre o batente da porta
Pedro bateu seu cajado
De raiva deu um suspiro
E falou muito exaltado:
Te excomungo Virgulino
Cangaceiro endiabrado.

Houve um grande rebuliço
Naquele exato momento
São Jorge e seus guerreiros
Cada qual mais violento
Gritaram pega o jagunço
Ele aqui não tem talento.

Lampião vendo o afronto
Naquela santa morada
Disse: Deus não está sabendo
Do que há na santarada
Bateu mão no velho rifle
Deu pra cima uma rajada.

O pipocado de bala
Vomitado pelo cano
Clareou toda a fachada
Do reino do Soberano
A guarnição assombrada
Fez Pedro mudar de plano.

Em um quarto bem acústico
Nosso Senhor repousava
O silêncio era profundo
Que nada estranho notava
Sem dúvida o Pai Celeste
Um cansaço demonstrava.

Pedro já desesperado
Ligeiro chamou São João
Lhe disse sobressaltado:
Vá chamar Cícero Romão
Pra acalmar seu afilhado
Que só causa confusão.

Resmungando bem baixinho
Pra raiva poder conter
Falou para Santo Antônio:
Não posso compreender
Este padre não é santo
O que aqui veio fazer?!
Disse Antônio: fale baixo
De José é convidado
Ele aqui ganhou adeptos
Por ser um padre adorado
No Nordeste brasileiro
Onde é “santificado”.

Padre Cícero experiente
Recolheu-se ao aposento
Fingindo não saber nada
Um plano traçava atento
Pra salvar seu afilhado
Daquele acontecimento.

Logo João bateu na porta
Lhe transmitindo o recado
Cícero disse: vá na frente
Fique despreocupado
Diga a Pedro que se acalme
Isso já será sanado.

Alguns minutos o padre
Com uma Bíblia na mão
Ao ver Pedro lhe indagou:
O que há para aflição?
Quem lá fora tenta entrar
E também um ser cristão,
São Pedro disse: absurdo
Que terminou de falar
Mas Cícero foi taxativo:
Vim a confusão sanar
Só escute o réu primeiro
Antes de você julgar

Não precisa ele entrar
Nesta sagrada mansão
O receba na guarita
Onde fica a guarnição
Com certeza há muitos anos
Nos busca aproximação.

Vou abrir esta exceção
Falou Pedro insatisfeito
O nosso reino sagrado
Merece muito respeito
Virou-se para São Paulo:
Vá buscar este sujeito.

Lampião tirou o chapéu
Descalço também ficou
Avistando o seu padrinho
Aos seus pés se ajoelhou
O encontro foi marcante
De emoção Pedro chorou
Ao ver Pedro transformado
Levantou-se e foi dizendo:
Sou um homem injustiçado
E por isso estou sofrendo
Circula em torno de mim
Só mesmo o lado ruim
Como herói não estão me vendo.

Sou o Capitão Virgulino
Guerrilheiro do sertão
Defendi o nordestino
Da mais terrível aflição
Por culpa duma polícia
Que promovia malícia
Extorquindo o cidadão.

Por um cruel fazendeiro
Foi meu pai assassinado
Tomaram dele o dinheiro
De duro serviço honrado
Ao vingar a sua morte
O destino em má sorte
Da “lei” me fez um soldado.

Mas o que devo a visita
Pedro fez indagação
Lampião sem bater vista:
Vê padim Ciço Romão
Pra antes do ano novo
Mandar chuva pro meu povo
Você só manda trovão
Pedro disse: é malcriado
Nem o diabo lhe aceitou
Saia já seu excomungado
Sua hora já esgotou
Volte lá pro seu Nordeste
Que só o cabra da peste
Com você se acostumou.

FIM

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/rd000001.pdf

Tirinha do Dia #003


Tirinha do Dia #002